sábado, 30 de maio de 2009

Nota à imprensa


Nota à imprensa

Os estudantes da Faculdade de Filosofia e Ciências da UNESP campus Marília, diante de um quadro de precarização do ensino e dos serviços da universidade (falta de professores e funcionários, falta de uma política de permanência estudantil plena, ensino à distância, planos privatizadores, etc.) e após três meses de discussão, atos e paralisações - não tendo suas reivindicações atendidas – deliberaram em Assembléia Geral, realizada no dia 26 de maio de 2009, por greve com ocupação do Prédio de Aulas até o completo atendimento de suas demandas.

À UNESP, bem como à outras universidades públicas do estado, está posta uma situação de falta crônica de professores em todos os seus cursos. O mesmo se dá em todas as seções da universidade; em todas elas (administração, bibliotecas, restaurante universitário, etc.) verifica-se, além da falta de funcionários, notória sobrecarga de trabalho. Soma-se a isto, uma deficitária política de permanência estudantil, ou seja, os pouquíssimos estudantes de baixa renda que conseguem vencer a muralha do vestibular (apenas 14% dos estudantes da UNESP provêm de escolas públicas!), deparam-se com o mais completo descaso por parte dos governos, das diretorias e da reitoria, sendo que muitas vezes estes estudantes são obrigados a abandonar seus cursos.

E isto não é tudo. As diretorias e a reitoria da UNESP, bem como o governo do estado, ao invés de buscar sanar os problemas elencados, aprofundam ainda mais os ataques. Entre os diversos elementos precarizadores, citamos os dois principais: Plano Decenal de Desenvolvimento Institucional (PDI) e a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (UNIVESP). O PDI, plano imposto pela reitoria, acentuará um processo de privatização da UNESP, descaracterizando-a enquanto universidade pública, uma vez que atrela seu financiamento e sua produção à iniciativa privada. Este projeto, junto com a UNIVESP, também institucionaliza o ensino à distância, debilitando o tripé ensino-pesquisa-extensão e determinando uma cisão na universidade: de um lado centros de excelência para uma minoria; de outro, cursos de baixa qualidade para formação de profissionais destinados a trabalhar na rede pública de ensino.

Diante disso, professores, funcionários e estudantes não se calaram, se manifestando das mais diversas formas (organizando amplos debates, atos, greves, etc). Porém, devemos destacar que aqueles que se levantaram contra esses ataques e em defesa da universidade pública, ao invés
de serem ouvidos, foram duramente reprimidos. Estudantes sofrendo processos de sindicância, professores sendo perseguidos e, até mesmo, ameaçados de morte (como no campus de Registro). Um dos casos mais emblemáticos é a atual demissão ilegal do funcionário dirigente do Sindicato dos Trabalhadores da USP, Claudionor Brandão, simplesmente por defender os interesses dos trabalhadores.

Nada disto seria possível não fosse a atual estrutura anti-democrática vigente nos órgãos deliberativos da universidade, nos quais os professores, apesar de serem a minoria, representam 70% do poder decisório, enquanto funcionários e estudantes, que são a maioria, ficam apenas com 15% cada.

Contra isso é que se dá a atual greve dos estudantes da UNESP de Marília. Criticamos este modelo de universidade pública posto, no qual se dá a reprodução dos mecanismos de exclusão da maioria da população ao ensino superior. Portanto, somos por uma universidade pública, gratuita, de qualidade, acessível a todos e a serviço das demandas dos trabalhadores e do povo pobre.


Marília, 27 de Maio de 2009.

Comando de Greve dos estudantes da UNESP de Marília.
PAUTA DE REIVINDICAÇÕES DOS ESTUDANTES DA FACULDADE DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS DA UNESP CAMPUS MARÍLIA
Contra o PDI: pelo fim de seus trâmites nos órgãos da Universidade

Contra a UNIVESP: pelo fim do convênio entre UNESP e Secretaria de Ensino Superior

Educação não é mercadoria: estatização, sem ressarcimento, das universidades particulares como forma de sanar a falta de acesso ao ensino superior.

Contra a repressão:
Solidariedade a greve dos trabalhadores da USP: pela imediata readmissão do camarada Brandão
pelo fim das sindicâncias na UNESP, USP e UNICAMP

Por democracia de fato nos espaços de decisão da universidade:
— Paridade de voto às eleições para Diretoria e Reitoria
— Paridade nos órgãos deliberativos; Conselho Universitário e Congregação

Pela imediata incorporação dos trabalhadores terceirizados aos quadros da universidade

Pela contratação de mais professores

Pela contratação de mais funcionári@s

Por uma política efetiva de Permanência Estudantil:
— Por mais bolsas BAAE: com número mínimo de 260 bolsas, com encampamento pela reitoria das bolsas BAAE oferecidas pela iniciativa privada— Bolsa BAAE de pelo menos um Salário Mínimo— Por mais vagas na Moradia Estudantil
— Por mais bolsas alimentação com caráter socioeconômico, vinculadas à bolsa-moradia, auxilio aluguel e bolsa BAEE
— Pelo aumento da quantidade de refeições servidas no restaurante Universitário, com proporcional aumento do número de funcionários
— Pelo Restaurante à noite já
— Por formulários de Moradia e Bolsa BAAE para estudantes de Terceira Chamada em diante.
— Bolsa Moradia para Pós-Graduandos (ordem de prioridade: graduandos –> graduados –> pós-graduandos)
— Aumento do número de vagas no CCI

Pela adequação da estrutura física da faculdade para pessoas portadoras de deficiência (em todos os seus espaços)
Pela ampliação do Anfiteatro

Pela ampliação da Biblioteca

Pela criação de espaços de convivência estudantis adequados

Pela contratação de odontologista para UNAMOS e atendimento geral na área de ginecologia (não somente preventivo)

Pela transferência do CEES para o Campus I, para que os alunos sejam atendidos por médicos (necessidades básicas), além do centro de estudos para os cursos que estão em estágio

Marília, 16 de abril de 2009, Prédio de Atividades Didáticas, Anfiteatro I

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